EXECUTIVOS DO SETOR DE IMPORTAÇÃO DE MÁQUINAS AVALIAM NEGATIVAMENTE O MOMENTO ECONÔMICO DO BRASIL

EXECUTIVOS DO SETOR DE IMPORTAÇÃO DE MÁQUINAS AVALIAM NEGATIVAMENTE O MOMENTO ECONÔMICO DO BRASIL

19 de agosto de 2015.
Os importadores do setor de bens de
capital, que inclui máquinas, dependentes dos fabricantes nacionais, diminuíram
drasticamente suas vendas e compõem o rol dos estão sofrendo com a crise no
Brasil.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
a indústria brasileira opera 12,2% abaixo do pico histórico, atingido em junho
de 2013. Isso aconteceu devido a ausência de demanda, que freou a produção.
O diretor presidente da Trumpf do
Brasil, empresa fabricante de máquinas-ferramenta, tecnologia laser e
eletrônica, João Carlos Visetti, comenta que a falta de confiança e a completa
ausência de sinais de melhora têm contribuído para o desemprego. “A
primeira coisa que a indústria corta em tempos de dificuldades são os
investimentos. Dentro da atual conjuntura, o setor sofre muito, e torna-se
necessário fazer os ajustes para se adaptar a realidade do mercado”, diz.
A necessidade de reduzir custos e
enxugar a estrutura para poder driblar a crise fez com que a Bener, distribuidora
multimarcas de máquinas-ferramenta importadas, reduzisse seu quadro de
funcionários. De acordo com o diretor técnico da empresa, Ricardo Lerner, a empresa trabalha com 30% de sua
capacidade, o que causa tem causado um cenário de incertezas por lá. “Não
se sabe quanto tempo a crise pode durar e se quem ainda está saudável vai
continuar saudável, sem perspectivas de quando o mercado vai retornar”,
esclarece Lerner.
O diretor geral da Junker do Brasil,
que atua no mercado de fabricação de retíficas de alta
velocidade, Dirk Huber, disse que a paralisia é tão grande que já chegou ao consumo
das famílias. “Esse é um grande problema porque, se nada for feito, acaba
virando uma bola de neve. A produção para porque ninguém está comprando, e como
ninguém está comprando e a produção está parada, começam as demissões”, avalia.
A batalha diária para manterem-se
vivos durante os momentos de crise é um desafio constante para os empresários. Os
impostos e a variação cambial contribuem para inibir o mercado, já que o dólar está
variando na faixa de R$ 3,50.
O diretor da Makino do Brasil, indústria
japonesa do ramo de usinagem CNC de alta tecnologia, Carlos Eduardo
Ibrahim, explica que os empresários estão em busca de produtos de última
geração para fabricar suas peças, itens que são apenas vendidos no exterior.
Entretanto, houve um aumento nos impostos de importação de importação em 20%
para uma família de máquinas de usinagem e, somados às outras taxas, esses
números chegam a 55%. Isso acaba desmotivando qualquer um que esteja atrás de
tecnologia e derruba o mercado do setor. “Os empresários estão com medo de
investir! Hoje, eles preferem correr o risco de perder o serviço e continuar na
morosidade por conta da insegurança econômica”, diz Ibrahim. O diretor da
Makino assegura que, em 25 anos de atuação no comércio de máquinas, nunca se
deparou com um mercado tão escasso quanto em 2014 e 2015.
No caso da Trumpf, a conversa com a
matriz de que o mercado e as regras brasileiras são particularmente únicas.
“Sempre digo que as normas mudam sem aviso prévio, e que nem sempre o
‘preto é preto e o branco é branco’, pois muitas coisas são passiveis de
interpretação tanto no campo normativo, vide a NR-12, como no campo
fiscal”, menciona Visetti.
Acompanhando o cenário nacional, com
a política econômica como está, os empresários se veem sem perspectivas. A
Trumpf encerrou o ano fiscal em 30 de junho e, pela primeira vez desde 2010,
sofreu com queda de 30% em sua receita.
Ricardo Lerner, da Bener, comenta
que, enquanto não existir uma política concreta, séria e direcionada aos
verdadeiros problemas que enfrenta, o país vai continuar parado.
Dirk Huber, da Junker, salienta que a
indústria essa crise começou há 8 meses e que a indústria está certa quando
pede soluções ao Governo e o Governo deveria ouvir os apelos da indústria o
mais rápido possível. “Ninguém vê perspectivas de mudança no curto prazo.
Algo tem que ser feito rapidamente, porque quando o ciclo de retomada da
indústria não é imediato”, elucida.
O diretor da Makino do Brasil é
enfático ao tratar-se do futuro da economia do setor em 2016. “Nosso
objetivo é sobreviver, já que dependemos de nossas matrizes. Se não
recebêssemos um aporte financeiro de fora, não estaríamos vivos”, finaliza
Ibrahim.

Foto 1 –  Diretor da Makino do Brasil, Carlos Eduardo Ibrahim.
Foto 2 – Diretor presidente da Trumpf do Brasil, João Carlos Visetti.
Foto 3 – Diretor geral da Junker do Brasil, Dirk Huber.
Foto 4 – Diretor técnico da Bener, Ricardo Lerner.
Crédito: Divulgação.

Assine nossa newsletter

Este site é protegido pelo reCAPTCHA e pelo Google Política de Privacidade e Aplicam-se os Termos de Serviço.