ARTIGO DE MARIA EMILIA LEME

Em qualquer tempo, o universo do trabalho é desafiador. Nos últimos anos, porém, as adversidades se intensificaram. Notadamente, com a pandemia de covid-19 as transformações admitiram e implementaram outros modelos de produção e de prestação de serviço. Estes e vários fatores combinados nos dão a precisa noção de que estamos em nova relação com o trabalho. Flexibilidade com proatividade, produtividade agregada à cultura da empresa fazem parte de um conjunto de ajustes e aprimoramentos que vêm se construindo paulatinamente nas organizações. Neste cenário de mudanças, as lideranças são solicitadas de maneira incessante a corresponder com bons resultados para corporações envoltas na alta volatilidade e competitividade do mercado. Mas qual é o preço pessoal deste investimento para os líderes?

Um líder, na acepção de suas competências, preza por equilíbrio, harmonia e equidade nas atitudes frente a sua equipe. Mas é cada vez mais comum encontrá-lo imerso na administração de crises e pressionado constantemente por resultados que satisfaçam às expectativas empresariais.

Este profissional, sobrecarregado e esgotado, está adoecendo. E doente, não tem como zelar pela saúde e o bem-estar de seus colaboradores.

Há vários gatilhos que afetam significativamente as lideranças. Elencamos como principais as cobranças fora do padrão, ameaças e a pressão para que exijam mais produtividade de suas equipes.

Há ainda as situações em que os profissionais, contratados equivocadamente ou despreparados para o cargo de liderança, vão sofrer pelo desalinho em relação aos desejos das organizações. E, certamente, vão provocar grande insatisfação em seus superiores hierárquicos.

É muito comum ouvirmos: “o funcionário sofre pela liderança ruim”. Mas nos cargos de liderança também há profissionais vivendo em ambientes tóxicos e desencadeando doenças físicas e mentais.

Com frequência somos informados de uma nova pesquisa, um levantamento inédito a compilar dados de burnout, transtornos mentais no ambiente de trabalho envolvendo a esfera dos colaboradores. Raramente, porém, temos em mãos estatísticas que revelem o estado de saúde das lideranças.

São casos mais escondidos, ocultos. Dificilmente saberemos de um vice-presidente de uma empresa, por exemplo, que se mostre como um profissional vulnerável, que procure o RH para denunciar as pressões corporativas.

No programa de recolocação que realizo, deparo-me com certa frequência com profissionais em posição de liderança que buscam um novo trabalho motivados por saúde mental e qualidade de vida.

Procurar um novo emprego em organizações que se alinhem em propósito com aquilo que o profissional acredita é salutar. Buscar estímulo em cursos e atualizações que aprimorem seus talentos também. Mas nada é mais importante que cuidar da própria saúde, reservando um tempo precioso à convivência com a família e os amigos, à prática de atividades prazerosas, ao exercício físico, à terapia e outras formas de ajuda profissional que contribuam para o equilíbrio pessoal, a tranquilidade e, claro, para a felicidade. Dentro e fora do ambiente de trabalho.

 

Maria Emilia Leme é founder da MELL – Recolocação Profissional. Como Job Hunter atua há 10 anos na recolocação de profissionais coordenadores, gerentes e diretores, oferecendo orientação personalizada de carreira e transformando trajetórias profissionais.

Milton Paes

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