RESILIÊNCIA, ADAPTAÇÃO E INOVAÇÃO MANTÊM EMPRESAS FAMILIARES COMO PILAR DA ECONOMIA NO BRASIL

ARTIGO DE PAULO DE TARSO

As empresas familiares são parte substancial da economia do país. Esses negócios têm desafios únicos – ligados às suas características fundamentais de gestão e propriedade. São, também, um grupo vasto e diversificado, formado por grandes empregadores, que fomentam desenvolvimento econômico local em todas as regiões do País. Cada vez mais esses negócios se destacam, também,pela resiliência e capacidade de adaptação, a partir de investimentos em inovação.

Diversas mudanças nos últimos anos, impulsionadas por fatores econômicos, tecnológicos e sociais, têm levado as empresas em geral a transformar suas práticas operacionais e de investimento, gestão de riscos, contratação, sustentabilidade, sucessão e cibersegurança. Não é, obviamente, diferente com as empresas familiares. No Brasil, nossa percepção, na Deloitte, indica que sucessão, gestão de riscos e governança são os temas que mais têm chamado a atenção das lideranças desses negócios. Essas questões refletem a necessidade de as empresas familiares se adaptarem a um ambiente de negócios em rápida evolução, garantindo sua sustentabilidade e crescimento a longo prazo.

O planejamento de sucessão é um obstáculo significativo, influenciado por aspectos culturais e estruturais. É fundamental que as empresas familiares antecipemo planejamento e invistam na formação e no desenvolvimento de habilidades de liderança dos sucessores, por meio de programas, formação acadêmica relevante e experiência prática dentro da empresa. Essas medidas são essenciais para assegurar uma transição bem-sucedida para as futuras gerações e mitigar os riscos associados aos desafios geracionais.

A governança corporativa vem em seguida, fortalecendo a estrutura interna e a gestão da empresa, torna-se uma estratégia poderosa para gerar capital ao aumentar a atratividade da empresa para investidores, melhorar o desempenho financeiro e explorar oportunidades estratégicas. Quando combinada com uma gestão eficiente de riscos, a governança corporativa ajuda a superar entraves internos e externos, ao mesmo tempo em que preserva os valores e assegura a continuidade no mercado.

Quanto à sustentabilidade, muitas empresas familiares já adotam práticas de responsabilidade ambiental. O reflorestamento com plantas nativas, por exemplo, é uma iniciativa avaliada por muitos empresários, com o objetivo de recuperar áreas que perderam vegetação devido a forças naturais ou ações humanas– especialmente em regiões onde prosperam o agronegócio e a produção de alimentos. Além de ter efeito positivo no aumento das produções locais e gerar renda, essa prática fortalece a posição nos negócios e contribui para a preservação dos recursos naturais a longo prazo.

O estudo global “The Family Office Insights Series”,elaborado pela Deloitte, mostrou que empresas familiares ao redor do mundo devem seguir otimistas sobre sua capacidade de vencer desafios complexos, apesar da incerteza econômica e geopolítica. A partir do equilíbrio entre risco e oportunidade, essas empresas indicam que manterão perspectivas de investimento. No Brasil, a visão moderada para o cenário atual, destacado pela edição de 2024 da pesquisa Agenda, da Deloitte, muito possivelmente é também compartilhada pelas empresas familiares. A pesquisa indicou que 8 em cada dez executivos entrevistados planejam investir na capacitação tecnológica dos profissionais e 7 pretendem aumentar os investimentos em infraestrutura de TI. Quase 90% devem aumentar ou manter o quadro de profissionais ainda em 2024.

É claro que haverá desafios para cumprir esses planos. Com taxas de juros cada vez mais elevadas, o custo do crédito é alto, o que pode desincentivar investimentos significativos. Isso pode levar esses empresários a serem mais cautelosos na tomada de novos empréstimos para financiar expansão ou futuros projetos. Diante disso, diversas estratégias podem ser adotadas. Entre elas, destacam-se a revisão e otimização dos custos operacionais, a melhoria da gestão financeira, a diversificação das fontes de financiamento e o aproveitamento de incentivos e subsídios disponíveis. Essas iniciativas permitem às empresas navegar por períodos desafiadores, mantendo-se competitivas no mercado enquanto executam seus planos.

O universo de empresas familiares no Brasil é dinâmico e tem grande potencial de atravessar fronteiras – a exemplo de muitas das principais multinacionais nascidas em nosso mercado, que vieram dessa origem. A chave para o sucesso contínuo reside na capacidade de planejar sucessões com eficácia, adotar boas práticas de governança, compreender e adquirir novas tecnologias e investir em inovação e capacitação. Com o apoio adequado e uma abordagem estratégica, as companhias desse nicho podem se manter como pilares da economia do país.

Paulo de Tarso é sócio líder da Deloitte para Empresas Familiares e de Capital Fechado e do programa Empresas com Melhor Gestão.

Milton Paes

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